Bossa Nova .

O retrato sonoro em sépia

Papéis itinerantes amarelos

Consagrados por verbos profanados

Nos lábios poéticos

No dedilhar de cordas dinâmicas e saudosistas.

A batida clássica inspiradora de versos

Com introdução saudosista de Dick Farney

Nada moderno porém eterno.

Bossa Nova e poesia, á arte em papel

A conexão com a arte de ouvir com o coração

O que os ouvidos não sentem.

Uma giría aos lábios de Juca Chaves

O corpo lírico de partes que formam um todo inspirado

A alma dos poetas.

O corpo bonito, os cabelos castanhos, à pinta do lado

O nariz enpinado da Teresa da praia

Disputada e amada no verão ou no inverno

Por Lúcio Alves e Dick Farney.

As pernas da mulher morena por Vinicius de Moraes

O rosto da Ângela na janela do avião vista por João Bosco

Os olhos da Maysa inspirados por Manuel Bandeira

Os verbos femininos e melancolicamente citados

Por Florbela Espanca.

Os lábios úmidos e inquietos da mulher morena

Abominando a volúpia de todos os frios descritos por Vinicius

No colo, a flor deixada depois do amor por Ronaldo Bôscoli

Os olhos de Ana Luiza ocultados em serra ou mar

procurados por Tom Jobim.

Nas mãos foge a Bossa, então á poesia

A glória entardecida percebida por Jorge Medauar.

E caminhando por entre as veias

Deste corpo poético e musical,

Aos pés da Santa Cruz o grande amor se ajoelhou

João Gilberto com sua esplêndida sensibilidade,

Em notas nos confidenciou.

Lara Barros Loureiro